ChatGPT agora é também um shopping digital

O que a integração do ChatGPT com pagamentos revela sobre a próxima revolução digital

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10/2/202517 min read

💬 “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”Charles Darwin

No cenário de tecnologia para negócios, o ChatGPT da OpenAI vem evoluindo rapidamente e traz duas novidades importantes.

Primeiro, a plataforma passará a oferecer controles parentais para que pais ou responsáveis supervisionem e gerenciem o uso do chatbot por adolescentes e crianças. Em segundo lugar – e foco principal deste artigo: o ChatGPT ganhou integração de e-commerce com pagamentos via Stripe, permitindo que usuários comprem produtos diretamente na conversa.

Este último é visto como uma mudança de paradigma no comércio eletrônico. A seguir, examinamos a evolução do e-commerce desde seus primórdios de desconfiança, passando pelos desafios atuais de compras online, até essa revolução trazida pela inteligência artificial. Também discutimos o impacto para consumidores e empresas, e como empreendedores podem se posicionar para aproveitar essas inovações.

A evolução do e-commerce: do medo do cartão à era digital

Comprar pela internet nem sempre foi algo trivial e confiável como hoje. Nos anos 1990, quando surgiram os primeiros sites de comércio eletrônico, prevalecia muito receio por parte dos consumidores. A infraestrutura era limitada – conexões discadas e sites simples – e não havia sistemas de pagamento online naquela época.

Na virada do milênio e durante os anos 2000, esse cenário começou a mudar. Com a popularização da internet banda larga e o crescimento da presença digital, mais pessoas passaram a se aventurar em compras online. Aos poucos, a confiança nas transações digitais aumentou, impulsionada por melhorias na segurança e novas ferramentas de pagamento. Surgiram serviços como o PagSeguro (lançado em 2006) e o PayPal, que ofereceram proteção contra fraudes e pagamentos intermediados.

Essas soluções ajudaram a reduzir o medo de inserir os dados do cartão, pois adicionavam camadas de segurança e garantia ao comprador. Além disso, houve avanços legais e regulatórios no Brasil para proteger o consumidor online, o que contribuiu para mais gente se sentir segura ao clicar em “Comprar”.

Como resultado, comprar online tornou-se cada vez mais natural e comum. Hoje, estima-se que 90% da população adulta brasileira já esteja inserida no e-commerce – um número impressionante que mostra como a compra digital se massificou e se tornou parte do dia a dia.

Paralelamente, a experiência de compra virtual evoluiu em comodidade e alcance. Nos anos 2010, três fatores transformaram o e-commerce: smartphones, redes sociais e marketplaces. Com a disseminação dos celulares e internet móvel, os consumidores passaram a pesquisar produtos, comparar preços e fechar pedidos pelo celular, de qualquer lugar.

As empresas investiram em apps e sites responsivos, e hoje cerca de 72% do volume do comércio eletrônico brasileiro vem de dispositivos móveis. Além disso, emergiram os marketplaces – plataformas como Mercado Livre, Amazon, Submarino/Americanas, Magazine Luiza e outros, que concentraram múltiplos vendedores num só lugar. Isso criou um ambiente riquíssimo em oferta: o consumidor ganhou mais variedade de produtos, preços competitivos e conveniência, tudo num só site. Os marketplaces popularizaram sistemas de avaliação de vendedores, comentários de clientes e pagamento seguro integrado, o que gerou mais confiança para comprar até de lojistas desconhecidos.

Redes sociais e influenciadores também passaram a influenciar o varejo online. Ferramentas e recomendações de influenciadores digitais se tornaram novas vitrines, ajudando usuários a descobrir e pesquisar produtos de forma integrada ao consumo de conteúdo. Somado a melhorias de logística (entregas rápidas, rastreamento, frete grátis), o e-commerce de 2020 já era um terreno bem mais amadurecido e confiável do que 20 anos antes.

Desafios atuais das compras online

Embora hoje seja praticamente natural comprar pela internet, isso não significa que a experiência atual seja perfeita ou sem atritos. Pelo contrário – a abundância de opções e informações tornou as compras online mais complexas e trabalhosas para o consumidor médio. Em marketplaces como Amazon ou Mercado Livre, ao buscar um produto, o usuário se depara com centenas ou milhares de resultados: diferentes marcas, modelos, vendedores, preços, condições de entrega etc. Essa sobrecarga informativa pode gerar dúvida e indecisão. É cada vez mais comum precisar gastar horas pesquisando avaliações, comparando especificações técnicas e verificando se o vendedor é confiável antes de tomar uma decisão.

Um exemplo típico é comprar um novo smartphone: o consumidor precisa considerar preço, marca, modelo, ficha técnica, câmera, memória, bateria, comparar reviews, assistir vídeos no YouTube, checar se o aparelho é original, se a loja entrega na sua região, se o frete é grátis, qual o prazo de entrega, se há desconto à vista – são muitas variáveis para analisar. Essa jornada de compra pode ser exaustiva, exigindo bastante tempo e esforço. Muitos consumidores acabam navegando em diversos sites e lojas virtuais em busca do melhor negócio, alternando entre abas do navegador com comparadores de preço, sites de reclamações para checar a reputação da loja e fóruns perguntando a opinião de outros compradores.

Além disso, a preocupação com segurança ainda não desapareceu totalmente. Mesmo com todos os avanços, a possibilidade de fraude ainda assombra alguns usuários: uma pesquisa de 2024 revelou que 92% das pessoas já desistiram de finalizar uma compra online por medo de fraude ou algo suspeito no processo. Ou seja, basta um site parecer duvidoso ou pedir algum dado estranho que até consumidores experientes recuam. Em resumo, o cenário atual do e-commerce, embora maduro, tem suas dores: excesso de oferta e informação, dificuldade em encontrar rapidamente o produto ideal, falta de personalização real time, e resquícios de insegurança em determinadas situações.

A entrada da IA no comércio eletrônico

Diante desses desafios, a Inteligência Artificial vem sendo empregada para melhorar a experiência de compra. Na última década, já vínhamos vendo AI em sistemas de recomendação (“quem comprou X, também se interessou por Y”), chatbots de atendimento ao cliente e algoritmos que personalizam a vitrine para cada usuário.

Grandes marketplaces utilizam IA intensamente nos bastidores – seja para detecção de fraudes, classificação e catálogo de produtos ou mesmo para resumir avaliações de clientes de forma que o comprador rapidamente entenda os prós e contras de um item. A Amazon, por exemplo, já há alguns anos aplica IA para gerar highlights de reviews e facilitar comparativos técnicos entre produtos similares dentro do site.

Mais recentemente, estamos presenciando uma nova etapa: a IA generativa e conversacional atuando diretamente como assistente de compras. Em 2024, a Amazon lançou o “Rufus”, um chatbot de compras com IA generativa integrado ao app e site da Amazon nos EUA. Esse assistente permite ao cliente fazer perguntas em linguagem natural sobre produtos, obter recomendações personalizadas e esclarecimentos – tudo em forma de diálogo. Por exemplo, um usuário pode perguntar “Qual o melhor alto-falante portátil para área externa?” e o Rufus irá analisar a vasta base de produtos da Amazon e responder sugerindo modelos adequados, explicando diferenças e até resumindo avaliações de outros compradores.

Essa abordagem torna a pesquisa de compras mais interativa e rápida, poupando o cliente de filtrar centenas de resultados manualmente. Grandes varejistas seguem caminho similar: o Google implementou IA generativa no Google Shopping para sugerir recomendações de produtos e simplificar a experiência de busca dentro da plataforma.

Agora, em 2025, o movimento mais disruptivo vem da OpenAI com o ChatGPT. Com sua base de mais de 700 milhões de usuários semanais no mundo todo, o ChatGPT está se posicionando não apenas como um assistente para dúvidas gerais, mas também como um novo tipo de vitrine e shopping virtual. A OpenAI anunciou, em parceria com a Stripe, a funcionalidade Instant Checkout, que permite comprar produtos dentro da conversa do ChatGPT, sem precisar visitar um site de e-commerce à parte. Vamos entender essa novidade em detalhes.

Como funciona o “comprar via ChatGPT”

A funcionalidade batizada de “Buy It in ChatGPT” (Compra pelo ChatGPT) introduz um fluxo de compra totalmente integrado ao chat. Imagine que você conversa com o ChatGPT e pede: “Quais são os melhores tênis de corrida por até R$500?”. O modelo irá não apenas descrever opções, mas também mostrar sugestões de produtos concretos, com nome, imagem, preço e outras informações relevantes, buscando itens relevantes em toda a web (de forma orgânica, não patrocinada). A grande inovação é que, se algum desses produtos for de um parceiro integrado, o ChatGPT exibirá um botão “Comprar” ao lado do resultado.

Ao clicar em “Buy” (Comprar), o usuário permanece dentro da janela de chat e o processo de checkout aparece ali mesmo, como mostrado no diagrama acima. O ChatGPT então pede as confirmações necessárias: por exemplo, confirmação de endereço de entrega e método de pagamento desejado. Para usuários que já possuem assinatura do ChatGPT Plus/Pro, é possível até usar o cartão já cadastrado na OpenAI (ou inserir outro cartão ou opção de pagamento expressa). O ChatGPT então envia com segurança os dados do pedido para o lojista, funcionando como um agente de compras digital – em essência, um personal shopper virtual que faz a ponte entre você e a loja.

Nos bastidores, quem faz o processamento do pagamento é a Stripe, gigante de pagamentos online. Mas isso ocorre de forma transparente: o ChatGPT transfere um token de pagamento seguro (SPT, Shared Payment Token) para a API do comerciante via Stripe, em vez de expor diretamente os dados do seu cartão. Esse token só vale para aquele pedido específico e aquele lojista, garantindo que a transação seja segura e limitada. O lojista, ao receber o pedido e token, pode aceitar e capturar o pagamento usando sua infraestrutura normal (se ele já usa Stripe, é ainda mais simples – a integração do lado do vendedor pode ser feita com apenas uma linha de código no caso de quem já processa com Stripe). Caso o lojista use outro meio de pagamento, ele ainda pode participar adotando o padrão aberto de pagamentos delegados definido no protocolo, sem necessidade de migrar de provedor.

Em seguida, o pedido é confirmado e finalizado dentro do próprio ChatGPT, e o usuário recebe a mensagem de sucesso – tudo sem sair da conversa. Não há redirecionamentos nem abertura de páginas externas durante o processo. O ChatGPT envia ao lojista apenas os dados estritamente necessários (produto, quantidade, endereço para entrega, token de pagamento etc.), e nada além do essencial é compartilhado, respeitando a privacidade do cliente. Todo passo que requer ação – como confirmar a compra e pagar – é explicitamente autorizado pelo usuário, mantendo-o no controle total da operação.

Do ponto de vista do consumidor, essa experiência é extremamente fluida e conveniente: você pede recomendações, tira dúvidas e efetua a compra no mesmo lugar, de forma orientada e quase conversacional. É como conversar com um atendente especializado que entende seu pedido (por exemplo, “preciso de um presente para alguém que adora cerâmica” ou “busco um notebook para trabalho com 16GB de RAM”) e ele te mostra opções e já resolve a compra. Em poucos cliques, do chat ao checkout, a compra está feita.

Já para os lojistas, abre-se um novo canal de venda potencialmente muito poderoso: a capacidade de atingir clientes diretamente via um agente de IA usado por milhões de pessoas. O ChatGPT, em vez de ser um “concorrente”, age como um intermediário que traz o cliente até a loja, porém sem tirar do lojista o controle sobre estoque, preço e relacionamento. Isso porque o vendedor continua sendo o mercante oficial da transação (merchant of record), ou seja, ele recebe o pedido nos seus sistemas, faz o envio, presta suporte e mantém o contato com o cliente para eventuais trocas ou devoluções. O ChatGPT é apenas uma interface facilitadora. Não há prejuízo na precificação – os preços exibidos são os mesmos da loja, sem acréscimo para o cliente. A OpenAI/Stripe cobram do lojista apenas uma pequena taxa sobre a venda concluída (similar a marketplace ou intermediador de pagamento), mas não cobram nada do consumidor e não alteram o preço do produto.

Importante notar que, no momento do lançamento (setembro de 2025), o recurso está disponível apenas para usuários nos EUA e com parceiros específicos – vendedores da Etsy inicialmente, e em breve mais de 1 milhão de lojistas do Shopify também estarão integrados. Ou seja, se você perguntar algo e o produto estiver disponível por um vendedor Etsy nos EUA que aderiu ao programa, poderá comprar via chat. Com a entrada do Shopify, muitos lojistas globais e potencialmente também brasileiros que usam Shopify poderão participar.

A OpenAI anunciou que planeja expandir tanto a variedade de comerciantes quanto as regiões atendidas conforme a funcionalidade evolui. A tecnologia central por trás disso, chamada Agentic Commerce Protocol (Protocolo de Comércio Agêntico), foi aberta como padrão aberto para que mais desenvolvedores e plataformas adotem.

Em outras palavras, a OpenAI e Stripe querem tornar esse modelo de comércio via agentes de IA algo amplo, não restrito só ao ChatGPT – qualquer assistente de IA poderia, em tese, usar o mesmo protocolo para interagir com lojistas integrados. Isso é crucial, pois no futuro poderemos ter vários “chatbots vendedores” (Alexa, Google Assistant, outros apps de IA conversacional) e os comerciantes não vão querer fazer uma integração diferente para cada um. Com um protocolo unificado, integra-se uma vez e atende a múltiplos assistentes.

Por que isso representa um novo paradigma?

Essa integração de IA + e-commerce aponta para uma mudança profunda na forma como compramos online. Desde o surgimento das lojas virtuais até hoje, o fluxo básico era: o usuário vai até a loja (digitando o site ou abrindo o app), navega por categorias ou usa a busca, compara produtos, coloca algo no carrinho e finaliza a compra. Com a IA conversacional como interface, a dinâmica se inverte em certa medida: a loja vem até o usuário, por meio do agente de IA.

Conforme observou a Stripe em seu comunicado, interfaces de IA como o ChatGPT estão se tornando uma nova espécie de vitrine; os agentes de IA convertem a intenção do cliente em uma compra concreta. Em vez de o cliente visitar páginas e mais páginas, ele conversa com um assistente que entende sua necessidade e faz o trabalho pesado de pesquisa e filtragem.

Para o consumidor, isso significa ganho de tempo e simplicidade. Lembra dos inúmeros passos e decisões na compra de um celular descritos antes? Com um agente de IA, você pode simplesmente expor seus critérios (“quero um celular até R$2.000 com câmera excelente e boa bateria”) e confiar que ele buscará as melhores opções que se encaixam.

O ChatGPT consegue agregar informações de múltiplas fontes, inclusive lendo fichas técnicas, resenhas e avaliações para embasar a recomendação. Ele pode te apresentar duas ou três opções ideais em vez de te obrigar a vasculhar 50 listagens por conta própria. Isso reduz drasticamente a sobrecarga cognitiva na compra online.

Além disso, a IA pode conversar com você para refinar a busca: “Prefere alguma marca específica? Como é o uso que você faz do celular?”, tornando a recomendação ainda mais personalizada. É uma experiência muito mais próxima de ser atendido por um vendedor humano competente, porém com acesso instantâneo a uma base massiva de dados (coisa que nenhum humano conseguiria processar tão rápido).

Outro ponto é a confiabilidade e transparência. Como a IA pode resumir opiniões de outros consumidores e destacar possíveis problemas, o usuário ganha confiança de que não está esquecendo de avaliar algo importante. Por exemplo, o ChatGPT pode avisar: “Este modelo atende seus requisitos, mas note que muitos usuários reclamam da duração da bateria” – informação que você talvez só descobriria lendo dezenas de reviews.

Com a compra integrada, soma-se ainda a conveniência de não precisar redigitar informações nem criar contas diferentes em cada site; o agente aproveita dados já fornecidos (com autorização) e automatiza as burocracias do checkout. Tudo isso resulta em um processo de compra bem mais ágil e certeiro.

Para os lojistas e marcas, o paradigma muda no sentido de como os clientes chegam até seus produtos. O trabalho de SEO (otimização para mecanismos de busca) e marketing para atrair clientes talvez comece a ter um análogo no mundo dos assistentes de IA – alguns chamam de AEO (Answer Engine Optimization). Ou seja, as empresas terão que se preocupar em fornecer à IA os dados corretos (cadastros de produto ricos, atualizados, com estrutura que a IA consiga ler e entender bem) e garantir boas avaliações e reputação, já que o agente levará em conta fatores de qualidade, preço e confiabilidade ao recomendar um vendedor dentre vários.

Aliás, conforme citado na documentação do ChatGPT, se múltiplos lojistas oferecem o mesmo produto, o algoritmo irá priorizar quem for o vendedor principal/oficial, tiver melhor preço, disponibilidade e qualidade. Isso tende a beneficiar os fornecedores mais sérios e competitivos, equalizando o campo de jogo. Um vendedor obscuro, com produto de origem duvidosa, preço alto ou péssimas avaliações dificilmente aparecerá como primeira opção, pois a IA filtrará essas questões – o que é bom para o consumidor e também para proteger os lojistas confiáveis da concorrência desleal.

Em última instância, se essa abordagem prosperar, todo mundo ganha: o usuário economiza tempo e frustração, achando o que quer mais rápido e possivelmente pagando menos (já que a IA pode avisar se em outra loja o mesmo item está mais barato, por exemplo); os bons lojistas ganham mais visibilidade e vendas, porque fica mais fácil para o cliente encontrá-los mesmo fora dos grandes marketplaces; e o ecossistema de comércio eletrônico se torna mais eficiente e transparente, com menos passos desnecessários.

Vale lembrar que no modelo do ChatGPT não há promoção paga nos resultados – ele lista produtos de forma orgânica pela relevância. Isso difere dos marketplaces tradicionais onde resultados patrocinados aparecem no topo. Aqui, a ênfase é em resolver a demanda do cliente da melhor forma possível. Claro, a OpenAI terá seu ganho cobrando a comissão por venda concretizada, mas sem cobrar do cliente e sem onerar o preço.

Oportunidades para empresas e empreendedores

Diante dessa nova realidade de IA vendedora e compras integradas, como os negócios podem se adaptar e aproveitar? Para empresários, varejistas e empreendedores digitais, há várias implicações e oportunidades a considerar:

  • Integrar-se à plataforma ChatGPT/IA: Se você vende produtos online, especialmente através de plataformas como Shopify ou Etsy, vale a pena aderir cedo ao programa de compras via ChatGPT. A OpenAI já disponibilizou documentação e até um formulário de interesse para comerciantes que queiram tornar seus produtos acessíveis no ChatGPT. Estar entre os primeiros pode render visibilidade a um novo público de centenas de milhões de usuários. No Brasil, mesmo que a funcionalidade demore um pouco mais para chegar oficialmente, nada impede de já se preparar – por exemplo, lojistas em Shopify podem acompanhar quando a integração for aberta internacionalmente. Se você tem loja própria (fora de marketplaces), fique atento à evolução do Agentic Commerce Protocol (ACP). Por ser aberto, futuramente marketplaces brasileiros ou plataformas nacionais podem adotar e você vai querer que seus produtos estejam no “radar” dos agentes de IA.

  • Manter dados de produto de qualidade e atualizados: Em um cenário onde a IA vai ler e interpretar automaticamente suas descrições, títulos, fichas técnicas e avaliações para decidir o que recomendar, é crucial caprichar nessas informações. Descreva bem seus produtos, mantenha estoque atualizado e preços corretos, pois um dado inconsistente pode fazer a IA pular sua oferta. Considere implementar schemas de dados estruturados no seu site (se vender diretamente) para facilitar a compreensão por máquinas. E obviamente, ofereça um bom serviço – preço justo, entrega rápida, atendimento – pois qualidade gera boas avaliações, e isso influenciará o agente de IA tanto quanto influencia clientes humanos.

  • Prestar atenção na experiência do cliente via IA: Assim como empresas investem em UX (experiência do usuário) nos sites e aplicativos, agora teremos que pensar em UX via AI. Ou seja, como o assistente apresenta seu produto e sua marca para o cliente. Pode ser interessante, por exemplo, fornecer ao agente mais dados além do catálogo, como política de devolução, garantias, diferenciais da empresa, para que ele possa comunicar isso ao cliente se for relevante. O ACP pretende manter o lojista como fonte dessas informações também. Então, preparar APIs ou feeds de dados completos sobre seu negócio vai ser tão importante quanto ter um site bonito.

  • Aproveitar IA no seu próprio canal: Não dependa apenas de terceiros – você pode adotar IA conversacional em seu e-commerce direto também. Existem hoje soluções de chatbot com IA (inclusive usando o próprio GPT-4 da OpenAI) que você pode treinar com seu catálogo para ajudar visitantes do seu site a encontrar produtos. Isso melhora conversão e te prepara para um público cada vez mais acostumado a interações de linguagem natural. Grandes empresas já fazem isso (como vimos no exemplo da Amazon com o Rufus), mas a tendência é democratizar para lojas de todos os portes por meio de ferramentas de IA SaaS. Ficar atento a essas tecnologias pode lhe dar vantagem competitiva e uma experiência diferenciada enquanto o uso massivo via ChatGPT não chega a todos.

  • Estratégia omnichannel incluindo IA: Os canais de venda estão se diversificando – lojas físicas, site próprio, marketplace, redes sociais, e agora assistentes de IA. É recomendável encarar o ChatGPT e similares como mais um canal no qual sua marca deve estar presente. Por exemplo, se você vende produtos artesanais e usa Etsy, a integração com ChatGPT te beneficia diretamente; se vende por conta própria, talvez valha listar alguns produtos em marketplaces integrados só para marcar presença nesse canal. Pense em como seu cliente pode te encontrar via uma pergunta de IA, e não só via busca do Google ou passeio no shopping. Ajuste seu marketing para isso: “Encontre-nos também perguntando à Alexa ou ao ChatGPT” pode virar uma realidade de divulgação.

  • Novos modelos de negócio e parcerias: Com a IA facilitando compras multiloja, pode surgir espaço para parcerias entre pequenos lojistas para oferecer pacotes ou recomendações cruzadas via agentes. Por exemplo, se o usuário pede “gift para recém-nascido”, o ChatGPT poderia combinar um produto da loja A (roupinha) com da loja B (brinquedo educativo), se ambos estiverem no ecossistema. Será importante estar aberto a colaborações que a IA pode promover. Além disso, a própria OpenAI abriu possibilidade de aplicativos dentro do ChatGPT; quem sabe sua empresa possa desenvolver um plugin ou skill específico para o assistente, agregando valor aos clientes e gerando vendas.

Em termos de preparação, capacite-se e informe-se. A mudança está acontecendo rapidamente – o anúncio do Instant Checkout foi agora em setembro de 2025, mas o ritmo de adoção pode ser veloz. Outras big techs certamente não ficarão paradas: é plausível imaginar a Meta integrando comércio no WhatsApp via IA, ou o Mercado Livre criando seu próprio bot de compras em português. Acompanhar tendências e testar essas ferramentas é fundamental para não ficar para trás.

Conclusão

Estamos diante de uma nova era do comércio eletrônico, em que a inteligência artificial conversa diretamente com o consumidor, entende suas necessidades e efetua compras em seu nome. Saímos de um passado onde se tinha medo de digitar o número do cartão na internet, passamos por uma fase de consolidação e comoditização das lojas virtuais, e agora entramos numa fase de “comércio agêntico”, como apelidou a OpenAI. Nesse modelo, agentes de IA serão tão importantes quanto os navegadores web foram para o e-commerce tradicional. Eles serão a nova interface entre pessoas e produtos.

Para os consumidores, isso promete mais conveniência, personalização e economia de tempo. Para os negócios, traz desafios de adaptação, mas também enormes oportunidades de alcance e eficiência. Quem atuar de forma proativa – adotando a IA como aliada, integrando sistemas e garantindo um serviço de qualidade – tende a colher os frutos dessa revolução. Empresas como a Stripe enxergam que estamos a caminho de transações lideradas por agentes se tornarem norma, da mesma forma que mobile e redes sociais se tornaram alguns anos atrás.

Em paralelo, iniciativas como os controles parentais no ChatGPT mostram que a IA está se tornando mais mainstream e adaptada a diversos públicos, inclusive os mais jovens, de forma responsável. Isso indica que esses assistentes vão permear cada vez mais aspectos de nossas vidas – das compras ao aprendizado dos filhos – e precisamos encará-los não com medo, mas com preparo e estratégia.

Em suma, a IA para negócios deixou de ser apenas análise de dados e recomendação de produtos nos bastidores; agora ela vende, conversa e transaciona em tempo real com seus clientes. Este é o momento para empreendedores ficarem atentos, experimentarem essas novidades e pensarem “fora da caixa” das lojas virtuais tradicionais. Assim como quem se negou a entrar no e-commerce anos atrás acabou ultrapassado, daqui para frente quem ignorar os agentes de IA no comércio corre o risco de perder relevância. Por outro lado, quem se adaptar e surfar essa onda tecnológica poderá conquistar clientes com uma experiência totalmente nova, fidelizando pela praticidade e confiança. O paradigma está mudando – e, pelo visto, todos podemos ganhar com isso: consumidores mais satisfeitos, empresas mais eficientes e um mercado mais inteligente.

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Sobre mim: Leonardo Zeferino

Sou empreendedor, especialista em tecnologia e apaixonado por construir soluções que resolvem problemas reais. Nos últimos 13 anos, atuei à frente de startups e produtos digitais, liderando equipes, desenvolvendo estratégias e tirando ideias do papel com velocidade e impacto.

Hoje, meu foco está em ajudar pessoas e negócios a aplicarem Inteligência Artificial, Criptoativos e novas abordagens como o Vibe Coding para transformar processos, gerar novas fontes de receita e escalar com inteligência.

Lidero a FAST, uma empresa especializada em soluções com IA e Vibe Coding para negócios de todos os tamanhos.

Acredito que a IA não é um tema para “especialistas”, mas sim uma ferramenta estratégica que qualquer negócio pode usar — e meu trabalho é provar isso, com exemplos práticos e acessíveis.